A Cia. de Domínio Público nasceu do desejo de participação plena na criação de um trabalho teatral por parte de todos os seus integrantes e este permanece o fio condutor da pesquisa do grupo. Como criar condições e metodologia para que o processo de criação coletiva se estabeleça de forma efetiva em todos os aspectos do espetáculo?
Como atores, sentíamo-nos alijados de participar de questões cruciais do espetáculo, mas, por outro lado, tínhamos consciência de que dirigir e escrever são atividades que exigem domínio técnico. Estaríamos dispostos compreender estas funções? Estudá-las seriamente para, então, exercê-las em conjunto?
Em 2003, surge o projeto embrionário de uma criação coletiva, a partir de um grupo constituído no Projeto Samba do Penna. Este, por sua vez, integrava o Circuito Leste, da Companhia Teatro de Narradores, em ocupação do Teatro Popular Martins Penna, contemplado pela Lei Municipal de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo.
Atores reuniram-se para uma adaptação dramatúrgica de duas “operetas” radiofônicas inéditas, escritas pelo compositor Noel Rosa, em 1935. Surge, então, a primeira montagem das Operetas de Noel Rosa.
Esse primeiro resultado desperta o interesse em realizar um projeto que investigasse a relação entre o teatro e o samba e a constatação da existência, nas composições de Noel Rosa, de um vasto material crítico a ser explorado.
A montagem, nesse mesmo ano, é levada para a FEBEM Feminina do Tatuapé.
Em 2004, nasceu a Cia de Domínio Público formada por esses artistas ansiosos por desvendar, principalmente, o processo de criação coletiva e as relações estéticas entre o teatro e a música, através de um olhar crítico sobre a realidade brasileira.
Convidada pelo Centro Universitário de Cultura e Arte da UNE para ocupar o espaço CUCA na Barra Funda, juntamente com os grupos Cia São Jorge de Variedades, Obara – Grupo de Pesquisa e Criação, Ivo 60, Grupo Caranguejeira e Comunidade Morro das Pedras, a Companhia se estruturou e as Operetas de Noel Rosa ficaram em cartaz de outubro a dezembro de 2004. O grupo todo estudou a época e a figura do malandro; improvisou, criou a dramaturgia, pesquisou máscara neutra, máscara social do caráter e teatro épico; dirigiu, escreveu, atuou e cantou.
O aprofundamento dos significados e da capacidade crítica da peça foi perseguido pelo grupo durante a temporada. Com base nas impressões dos espectadores, de artistas convidados e do intenso debate interno, foi se criando a concepção de trabalho da Companhia. Tal tarefa não foi fácil.
No fim desse mesmo ano a peça foi levada para temporada no SESC-Ipiranga.
Em 2005, a Companhia é convidada pelo mesmo SESC para realizar o espetáculo Da Senzala À Favela, sobre o sambista Geraldo Filme, ao lado de Marília Medalha bem como a apresentar seu bloco Dos entrudos aos carnavais de rua.
Em fevereiro participou da 4ª. Bienal de Cultura e Arte da UNE, realizada no Pavilhão da Bienal, no Ibirapuera, com As Operetas de Noel Rosa.
Convidada para ocupar o KVA, em Pinheiros, a partir de março, a Cia elaborou, sempre coletivamente, uma terceira versão da peça, abrindo nova temporada, gratuita, de maio a junho daquele ano. Como a peça começava na rua com um grande bloco carnavalesco, os integrantes da Cia aproximaram-se do público que circula pela região de Pinheiros; iniciando-se, então, um processo de vínculo com a região.
No Teatro do Colégio Santa Cruz realizou nova temporada das Operetas, de agosto a outubro.
Desde então, freqüenta e pesquisa o Largo da Batata e seus arredores. Com isso, a idéia do presente projeto se desenvolveu e amadureceu, através da contínua pesquisa dos integrantes da Cia de Domínio Público sobre esse peculiar recorte da cidade de São Paulo.
De forma a aprofundar a sua relação com o projeto, o grupo, desde o início do ano de 2006, ocupou espaços na região de Pinheiros, como a Biblioteca Alceu Amoroso Lima e a Casa da Cidade e, paralelamente ao desenvolvimento da pesquisa, prosseguiu nas apresentações de seu trabalho inaugural “Operetas de Noel Rosa”. No ano de 2006, a peça foi apresentada em Santos (Projeto Tubo de Ensaio), na Virada Cultural promovida pela Prefeitura Municipal de São Paulo e, entre 15/07 e 20/08, realizou temporada no Teatro Fábrica São Paulo.
Em 2007, o grupo é selecionado com a mesma peça “Operetas de Noel Rosa” pelo PAC (Projeto de Ação Cultural) – Circulação promovido pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e no mês de junho realiza quatro apresentações nas cidades de Marília, Osvaldo Cruz, Araras e Campinas, bem como, ministra nessas quatro cidades a sua Oficina Teatral “Cantando a Cidade” na qual propõe uma reflexão sobre as funções da música no teatro.
No final de agosto, o grupo volta a ocupar o CUCA/UNE, agora, sediado na Rua Vergueiro e denominado como Centro Cultural ‘Gianfrancesco Guarneiri”.
Eis que, em setembro, a Cia de Domínio Público é contemplada com o Prêmio Myriam Muniz de Teatro concedido pela FUNARTE com o projeto “Ao Largo Público – O humano por trás de um Projeto de Reconversão Urbana”.
O grupo, que agora conta com a colaboração de Juliana Monteiro, como Orientadora de Direção, e Claudia Pucci, como Orientadora de Dramaturgia, levanta sua nova peça com previsão de estréia em março de 2008.
terça-feira, 30 de outubro de 2007
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